A presúria de “Uilla Coua” e as origens do Mosteiro de Lorvão: os documentos 19 e 47 do Liber Testamentorum e o contributo da arqueologia

Autores

  • Manuel Luís Real Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Instituto de Estudos Medievais 1070-312 Lisboa, Portugal; Universidade do Porto, Faculdade de Letras, CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória 4150-564 Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.4000/medievalista.5635

Palavras-chave:

Lorvão, Mosteiro, Liber Testamentorum, Bermudo Ordonhes, Alta Idade Média

Resumo

Tomando como ponto de partida os documentos 19 e 47, são analisadas outras informações do cartulário de Lorvão, assim como certos silêncios e partes adulteradas. Partindo da sugestão de que existe uma complementaridade entre os registos 19 e 33, chega-se à conclusão de que o (re)fundador do mosteiro poderá ter sido o príncipe rebelde Bermudo Ordonhes. Contribuem para fundamentar esta proposta, o tipo asturiano da cabeceira da basílica altomedieval, descoberta em 1984, assim como o estilo do único friso escultórico subsistente, reportável à arte da diocese de Coimbra durante o século IX e inícios do X.

 

Referências Bibliográficas

Fontes

Le cartulaire Baio-Ferrado du Monastère de Grijó (XIe-XIIIe). Ed. Robert Durand. Paris: Centro Cultural Português da FCG, 1971.

Colección diplomática del Monasterio de Celanova (842-1230), 3 vols. Ed. Emilio Sáez y Carlos Sáez. Alcalá de Henares: Universidad de A. de H., 1996-2006.

Liber Fidei Sanctae Bracarensis Ecclesiae. Ed. lit. Avelino de Jesus da Costa, rred. Lit por José Marques. Braga: Arquidiocese de Braga, 2016.

Liber testamentorum coenobii laurbanensis (estúdios). Ed. Aires A. Nascimento y José, 2008

Fernández Catón. León: Centro de Estudios e Investigación “San Isidoro”, 2008.

Livro Preto: Cartulário da Sé de Coimbra. Edição crítica por Manuel Augusto Rodrigues e Avelino de Jesus da Costa. Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, 1999.

Portugaliae Monumenta Historica...: Diplomata et Chartae. Lisboa: Academia das Ciências, 1867-.

Portugaliae Monumenta Historica...: Inquisitiones. Lisboa: Academia das Ciências, 1856-.

Tumbo A de la Catedral de Santiago. Ed. Manuel Lucas Álvarez. Santiago de Compostela: Cabildo de la Catedral; Seminario de Estudos Galegos, 1998.

Tumbo B de la catedral de Santiago. Ed. María T. González Balasch. Santiago de Compostela: Cabildo de la Catedral; Seminario de Estudos Galegos, 2004.

 

Estudos

ALARCÃO, Jorge de – In territorio Colimbrie: lugares velhos (e alguns deles, deslembrados) do Mondego. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia, 2004.

ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008.

ALARCÃO, Jorge de – Do Douro ao Mondego, de Afonso Magno a Almançor. Coimbra: Universidade de Coimbra, Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património, 2019.

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de – “Ainda o documento XIII dos Diplomata et Chartae”. Revista da Faculdade de Letras – História I (1970), pp. 97-107.

ALMEIDA, David G. de – História(s) mal contada(s) – Andanças da Igreja Paroquial da vila de Penacova. 23 de Setembro de 2020 [Em Linha]. [Consultado a 22 Novembro 2021] Disponível em penacovactual.pt.

ANTUNES, Tânia Sofia Lopes– Lorvão: Um mosteiro e um lugar. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2013. Dissertação de Mestrado.

AZEVEDO, Rui de – O mosteiro de Lorvão na reconquista cristã. Lisboa: Bertrand, 1933.

BARROCA, Mário Jorge – Epigrafia medieval portuguesa (862-1422). 3 vols. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2000.

BARROCA, Mário Jorge – “Muçulmanos e cristãos no Douro português (século VIII- IX)”. In SEBASTIÁN, Luís (coord.) – Vindos de longe: estrangeiros no Douro. Actas das 4as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM [Em linha]. Lamego: CITCEM/Museu de Lamego, 2016,  pp. 33-48.  [Consultado a  4 Dezembro  2021]. Disponível em https://museudelamego.gov.pt/investigacao/atas-de-conferencias/.

BORGES, Nelson Correia – “A pedra visigótica do Mosteiro de Lorvão”. Mundo da Arte 13 (1983), pp. 57-58.

BORGES, Nelson Correia – “Lucêncio, bispo de Conímbriga, e as origens do Mosteiro de Lorvão”. Conimbriga 23 (1984), pp. 143-158.

BORGES, Nelson Correia – Arte monástica em Lorvão: Sombras e realidade, das origens a 1737. 2 vols. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2002.

BRANCO, Maria João – “Reis, condes, mosteiros e poderes: O mosteiro de Lorvão no contexto político do reino de Leão (sécs. IX-XII)”. In NASCIMENTO, Aires A.; FERNÁNDEZ CATÓN, José M. (eds.) – Liber testamentorum coenobii laurbanensis (estudios). León: Centro de Estudios e Investigación “San Isidoro”, 2008, pp. 27-80.

CABALLERO ZOREDA, Luís; RODRÍGUEZ TROBAJO, Eduardo – Las iglesias asturianas de Pravia y Tuñon. Arqueología de la Arquitectura. Madrid: CSIC, 2010.

CAPELA, José Viriato; MATOS, Henrique – As freguesias do Distrito de Viseu nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: (Minhografe. Artes Gráficas), 2010.

CARRIEDO TEJEDO, Manuel – “Los episcopológios portugueses en los siglos IX-X, através de dos obispos de Oporto, Froarengo (890-918) y Hermogio (923-927), y su situación a comienzos del siglo XI”. Bracara Augusta 48 (1998-1999), pp. 311-401.

CASTRO VALDÉS, César G. – Arqueologia cristiana de la Alta Edad Media en Asturias. Oviedo: Instituto de Estudios Asturianos, 1995.

CEBALLOS ESCALERA, Alfonso – Reyes de Leon (30). Ordoño III 951-956, Sancho I 956-966, Ordoño IV 958-959, Ramiro III 966-985, Vermudo II 982-999. Burgos: Editorial La Olmeda, 2000.

CORREIA, Vergílio; GONÇALVES, A. Nogueira – Inventário Artístico de Portugal: Distrito de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1952.

COTARELO VALLEDOR, Armando – Historia crítica y documentada de la vida y acciones de Alfonso III El Magno, último rey de Asturias. Madrid: Librería General de Victoriano Suárez, 1933.

COUTO, Joaquim Leitão; ALMEIDA, David – Patrimónios de Penacova: Apontamentos para a sua valorização e divulgação. Penacova: Câmara Municipal de Penacova, 2017.

CRUZ, Carlos Manuel Simões – Carta arqueológica do concelho de Cantanhede. Cantanhede: Município de Cantanhede, 2005.

DAVID, Pierre – “Les saints patrons d´églises entre Minho et Mondego jusqu´à la fin du XI siècle”. Revista Portuguesa de História 2 (1943), pp. 221-254.

FERNANDES, A. de Almeida – Paróquias suevas e dioceses visigóticas. Separata do

Arquivo do Alto do Minho. Viana do Castelo: Viúva de José de Sousa, Filhos Lda., 1968.

FERNANDES, Paulo Almeida– Matéria das Astúrias. Ritmos e realizações da expansão asturiano-leonesa no actual centro de Portugal, séculos VIII-X. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2017. Tese de doutoramento.

FERNANDES, Paulo Almeida; REAL, Manuel Luís– “A construção e as artes ao tempo de D. Sesnando (Parte1)”. Portugalia 41 (2020), pp. 123-168.

GARCIA RODRIGUEZ, Carmen – El culto de los Santos en la España romana y visigoda. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1966.

GOMES, Saúl António – “Coimbra e Santiago de Compostela: Aspectos de um inter- relacionamento nos séculos medievos”. Revista Portuguesa de História 34 (2000), pp. 453-490.

GOUVEIA, Mário de – O limiar da tradição no moçarabismo conimbricense: Os Anais de Lorvão e a memória monástica do território de fronteira (séc. IX-XII). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 2008. Dissertação de Mestrado.

GOUVEIA, Mário de – “Hermenegildo Guterres e a presúria de Coimbra (séc. IX-X)”. In BARATA, Maria do Rosário Themudo; KRUS, Luís (dir.) – Olhares sobre a História: Estudos oferecidos a Iria Gonçalves. Lisboa: Caleidoscópio, 2009, pp. 279-292.

GOUVEIA, Mário de – “Apresentação de tese. O limiar da tradição no moçarabismo conimbricense: os “Anais de Lorvão” e a memória monástica do território de fronteira (séc. IX-XII). Tese de Mestrado em História Medieval, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2008. Orientação do Prof. Doutor José João da Conceição Gonçalves Mattoso e do Prof. Doutor Luís Filipe  Llach  Krus”.  Medievalista  Online  [Em  Linha]  8  (Julho-Dezembro  2010). [Consultado             a           4           Dezembro            2021].            Disponível            em https://medievalista.iem.fcsh.unl.pt/index.php/medievalista/article/view/334/322.

GOUVEIA, Mário de – “O essencial sobre a analística monástica portucalense (séc. XI- XII)”. Lusitania Sacra 25 (2012), pp. 183-226.

KRUS, Luís – “A produção do passado nas comunidades letradas do Entre Minho e Mondego nos séculos XI e XII - as origens da analística portuguesa”. In KRUS, Luís – A construção do passado medieval. Textos inéditos e publicados. Lisboa: IEM, 2011, pp. 235-258.

MATTOSO, José – A nobreza medieval portuguesa. Lisboa: Ed. Estampa, 1981. MATTOSO, José – “Recensão: Nascimento, Aires A.; e Fernández Catón, José M. (eds.) – Liber testamentorum coenobii laurbanensis (estudios). León: Centro de Estudios e Investigación “San Isidoro””. Medievalista online [Em Linha] 7 (2009). [Consultado a 4 Dezembro 2021].  https://medievalista.iem.fcsh.unl.pt/index.php/medievalista/article/view/350/3  40.

PÉREZ DE URBEL, Fray Justo – “Jimenos y Velas em Portugal”. Revista Portuguesa de História 5/2 (1951), pp. 475-492.

QUINTANA PRIETO, A. – La “Tirania” de Bermudo, el Ciego, en Astorga. Separata de Archivos Leoneses, nº 41. Leon, 1967.

REAL, Manuel Luís – A organização do espaço arquitectónico entre Beneditinos e Agostinhos, no séc. XII. Separata de Arqueologia. Porto: GEAP, 1983.

REAL, Manuel Luís – “O castro de Baiões terá servido de atalaia ou castelo, na Alta Idade Média? Sua provável relação com o refúgio de Bermudo Ordonhes na Terra de Lafões”. Revista da Faculdade de Letras: Ciências e Técnicas do Património 12 (2013), pp. 203-230.

REAL, Manuel Luís – “O papel das elites na definição progressiva do território: A sua presença na senhorialização da «Fronteira Beirã» (séculos IX-XI)”. In TENTE, Catarina (ed.) – Do Império ao Reino: Viseu e o território entre os séculos IV a XII. Viseu: Câmara Municipal, 2018, pp. 297-339.

REAL, Manuel Luís – “A ortodoxia romana dos moçárabes de Coimbra, através da escultura ornamental”. Arqueologia Medieval 15 (2020), pp.147-180.

RODRÍGUEZ FERNANDEZ, Justiniano – Ramiro II, rey de Leon. Madrid: CSIC: Instituto Jeronimo Zurita, 1972.

RODRÍGUEZ FERNANDEZ, Justiniano – Reyes de Leon (28). Garcia I 910-914, Ordoño II 914-924, Fruela II 924-9256, Alfonso IV 925-931. Burgos: Editorial La Olmeda, 1997.

SÁEZ, Emilio – “Los ascendientes de San Rosendo”. Hispania 8/30-33 (1948), pp. 3- 233.

SAINT-CLAIR, Thomas – A series of views of the Principal Occurrences of the Campaigns in Spain and Portugal, taken during the Peninsular War. London: P. & C. Colnaghi, 1815.

SÁNCHEZ ALBORNOZ, Claudio – Estudios sobre Galicia en la temprana Edad Media. La Coruña: Fundacion Barrié de la Maza, 1981.

UTRERO AGUDO, Maria de los Ángeles – Iglesias tardoantiguas y altomedievales en la Península Ibérica: Análises arqueológico y sistemas de abovedamiento. Madrid: CSIC, 2006.

VALDÉS GALLEGO, José Antonio – “La donación otorgada por Alfonso III a San Salvador de Oviedo en el año 908”. Boletin del Real Instituto de Estudios Assturianos 150 (1997), pp. 243-260.

 

Obras de referência:

Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 2007.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2022-07-01

Como Citar

Real, M. L. (2022). A presúria de “Uilla Coua” e as origens do Mosteiro de Lorvão: os documentos 19 e 47 do Liber Testamentorum e o contributo da arqueologia. Medievalista, (32), 43–103. https://doi.org/10.4000/medievalista.5635

Edição

Secção

Artigos